segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Memorial Descritivo

No presente momento acabo de notar que minhas mãos envelhecem e com isso passo a refletir acerca da minha historicidade, em especial do que trata sobre o meu progresso cognitivo, do meu desenvolvimento enquanto "ser pensante".
Me vêm à memória inúmeros momentos de importância incontestável, os quais citarei nestas linhas.
Nascida no interior da Paraíba, tive referências educacionais extremamente negativas: neta, filha, sobrinha de analfabetos funcionais, procurei sempre fugir dessa epidemia de "não-letrados".
Sempre fui a aluna da primeira carteira da fileira central, talvez para ser notada, para não ser esquecida. O fato é que sempre busquei ser a melhor, e fui dentro do que me foi oferecido.
Durante a adolescência não tive espaço para diversão, sempre estava em casa, na Escola Normal, no Ensino Médio, no Curso de Inglês, de Informática, tudo executado quase que simultaneamente. Era desgastante, mas eu queria ser o "modelo" da família, no quesito sucesso profissional.
Fiz o primeiro vestibular. Tentei Letras, pois sempre fui uma apaixonada por idiomas, inclusive estrangeiros. A certeza que eu tinha de que teria sucesso naquela prova, foi da mesma proporção da decepção que tive que tive quando descobri que não havia passado. Decepção que me fez parar e não mais tentar outros vestibulares por cerca de quatro anos.
Estava cansada daquele que estava a minha vida. Decidi então mudar de cidade, de Estado. Surgiu uma oportunidade para sair da Paraíba, fui então para Roraima.
Em 2005, resolvi tentar vestibular. Prestei para Pedagogia em uma instituição privada. Pedagogia foi a opção que estava disponível e que mais se aproximava de Letras.
Me senti perdida em grande parte dos 3 anos que cursei. Tentei vestibular para Letras na UFRR e para minha surpresa fui a primeira colocada na classificação geral. Aquele foi um momento de realização pessoal. Porém dois semestres mais tarde, descobri que não era Letras o caminho que queria seguir. Tranquei o curso de Letras e com o desejo de retornar à minha família, tranquei também o de Pedagogia, já no último semestre. Retornei para casa, sufoquei a nostalgia. Percebi que se passaram sete ano s e eu não havia chegado a lugar algum.
Vir para o DF foi uma fuga, mais uma tentativa de sucesso e aqui estou. Em onze meses, onde estou na caminhada para alcançar meu sucesso profissional, estou a passos apressados para tentar resgatar o tempo perdido e confesso que estou surpresa com tudo que aqui já foi conquistado. Tenho um bom emprego, já tenho a previsão de conclusão do curso de Pedagogia e os planos não se encerram, o próximo passo será o Mestrado e sempre haverá mais passos a serem dados, pois a vida não pode e não vai parar.

Um comentário:

  1. "A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria".

    Paulo Freire

    ResponderExcluir